domingo, 13 de janeiro de 2008

Intimidade(s)

Tem sido conversa recorrente entre mim e alguns amigos, de ambos os géneros e quer homo quer heterosexuais, a questão da intimidade entre os membros de um casal, ou entre quem, mesmo que por pouco tempo ambicione tal.
Acontece, que, e na minha opinião, o cerne da questão prende-se com o medo, bicho que alimentamos e acarinhamos diariamente, cada vez maior portanto, que muitos de nós tem em estabelecer relações em que esteja presente a tão supostamente desejada intimidade. Obviamente que se pode entender isto como um paradoxo, uma terrível contradição. Mas afinal queremos ou não um relacionamento?

É um não querer, querendo, como dizem alguns amigos Brasileiros (tenho tantas saudades vossas…).

Intimidade é assustadora porque significa para mim, e para todos com quem falei perda de controlo, e, a falta de segurança é tão grande, que ambos querem controlar. Então assistimos a uma verdadeira epidemia de tentativa/erro em qualquer relacionamento por onde vamos passando, também porque nos relacionamos entre pares, ou seja, sofremos todos do mesmo mal, em que ninguém se dá verdadeiramente a conhecer, porque todos têm MEDO. Pois no fundo, quando nos cheira a coisas aparentemente simples como o partilhar do dia-a-dia, ou de algum sentimento, a resposta é invariavelmente um: “eu nem o/a conheço/a, não vou discutir isso com ele/a, pelo menos por enquanto”… Certo tenho que não se passa nunca do “por enquanto”, mesmo quando se mantêm relações, mais ou menos coloridas, muitas vezes durante anos. Mas essas não contam porque nessas não há intimidade!... Emocional, claro….
Claro que isto me entristece bastante, porque a conversa, vai sempre dar no mesmo, e, ao fim de mais um ano, que hoje para mim acaba, porque amanhã começo outro, o dos 37 anos de vida, continuamos todos acompanhados uns pelos outros, mas sozinhos….

1 comentário:

The Story disse...

« - Ainda não estou preparada para pôr ponto final na minha história.

- Então continua.

- Thoreau escreveu: "Se construímos castelos no ar, o trabalho não é em vão. É lá que eles devem estar, agora construam as suas fundações."

A nossa história pessoal pode ser atabalhoada e dolorosa, mas não é a nossa destruição. Se tivermos sorte, é a nossa fundação. Apenas temos de trabalhar no meio da confusão até encontrarmos o que importa. Para encontrarmos pedaços do passado que queremos carregar connosco. E, por vezes, se temos a vista e o castelo certos, podemos construir as fundações da nossa nova história, sozinhos.»

In O Amor no Alaska - Episódio 30/11/2007

Eu sei que não serve de consolo a ninguém, mas pelo menos não estás sozinha na partilha, a caminho de um outro lugar, ao lado de outro alguém, quando o universo conspirar para ele aparecer.

Beijos e PARABÉNS
Pedro Serranito
http://thestorypeace.blogspot.com/